Mostrando postagens com marcador escritores. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador escritores. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Para ler: os meus (A Coruja e o Vidro)


Eu desço para tomar uma cerveja, porque já não aguento a reclusão na qual me coloquei, para tentar terminar a merda desse trabalho.
Entro no bar, sou uma pessoa totalmente atípica naquele lugar, estava cheio, claro em pleno sábado a noite era óbvio que estaria cheio, cheio de pessoas vestidas de preto, com suas risadas e comentários, tudo em um tom como se estivesse no volume máximo, eles devem ter algum problema de audição, imagino que eles escutem rock'n'roll, então quanto mais alto a música, mais surdos eles ficam.
Parei no balcão e olhei ao meu redor, algumas pessoas notaram a minha presença, mas algumas nem me viram, pedi uma cerveja. Pedi uma antártica, como se já não fosse de se esperar, eu pedi uma antártica gelada. Redundante e patético. Eu sou a pessoa mais colorida no bar, apesar de estar com a minha camisa xadrez azul, meus óculos de grau e tênis. Eles poderiam até me considerar o que eles chamam de hipster, mas não estou velho para isso. 
Sim, tenho 42 anos, alguns fios de cabelos brancos cresceram nas laterais de minha cabeça, me dando um aspecto mais velho ainda. Desci para o bar, porque não estava mais aguentando a minha própria companhia, sozinho estou tentando terminar meu romance, estou nos últimos capítulos, mas travei. 
Travei de tal forma que só consigo pensar em corujas, sim elas povoam meus pensamentos, com suas asas gigantes que parecem me abraçar. Alguém esbarra em mim no bar, minha cerveja chega pego meu copo e a garrafa. Decidi ser ousado, deixei o copo e só levei a garrafa.
Sentei na calçada, prestando atenção nas pessoas que por ali passavam, quando sem mais um garoto sentou-se ao meu lado, passando muito mal, vomitou, gritou com os amigos, xingou e decidiu se encostar-se à parede e dormir. Ali eu fiquei do lado daquele garoto, ele dormindo e eu bebendo, ouvindo as conversas altas do bar, tentando achar alguma inspiração, alguma coisa que eu pudesse usar para terminar o meu trabalho, mas nada.
Nada ali me interessava, nada ali me fazia parar de pensar na coruja, aquela que me seguia o tempo todo, ela que me tirava o foco, foi por causa dela que travei. Ouvi barulho de vidros se quebrando, algumas pessoas gritam e uma pessoa sai ferida do bar, espirrou um pouco de sangue em mim, mas naquela altura, a única coisa que queria era tomar mais uma cerveja.
Quando entrei no bar novamente tinha um alvoroço, um cheiro muito forte de erva, álcool e outras coisas que não conseguia identificar, parei no balcão de novo, foi quando uma mulher colocou a mão no meu ombro e falou "a coruja é ela, ela faz parte da sua vida, do seu romance, ela que voa atrás de você, está presa e precisa ser libertada", e foi embora. Depois do que ela falou, finalmente tive uma ideia, peguei minha cerveja gelada, mas quando me virei para retornar à calçada, tropecei e cai em cima dos cacos de vidro que estavam no chão, um deles foi implacável e acertou minha jugular.

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Para ler: os meus - "Atestado Médico"


Ele leva uma vida praticamente sussegada. Levanta todos os dias do mesmo jeito, se senta na beirada da cama e bufa, sim, ele bufa porque não gostaria de sair da cama aquele horário, muito menos de ter que ir trabalhar aquele horário. Vence a preguiça e se levanta, vai até o banheiro coçando a bunda, era impressionante a coceira que ele sentia na nádega esquerda todos os dias de manhã. Se olha no espelho e se assusta com o cabelo bagunçado, está deixando o cabelo crescer novamente, então está parecendo uma cacatua com a crista levantada, a barba está com um comprimento considerável, todos no trabalho reclamam que ele deveria pelo menos aparar, mas ele é teimoso e sabe que fica melhor daquele jeito. Por causa do cabelo resolve tomar um banho.
 
Liga o chuveiro, espera o banheiro esquentar um pouco, já que aquela hora da manhã ainda está muito frio, se senta na tampa da privada, se encosta e patéticamente pega no sono. Dois minutos depois acorda assustado e rindo de si mesmo, se imaginando naquela situação. Cinco minutos de banho é o que basta para abaixar aquela crista.
Ele era organizado, ou pelo menos não gostava de deixar as coisas jogadas pela casa. Morava sozinho já fazia um tempo, então tinha aprendido que se deixasse desarrumado, desorganizado, sujo e outras coisas quem teria que arrumar era ele mesmo, então preferia deixar tudo arrumado de prima. De uma coisa ele gostava do trampo, não precisava ir de social, ia de calça jeans e geralmente usava uma camiseta de banda. Sim, ele está um pouco velho para camisetas de banda, mas ele curte, fazer o que?! Meias, cueca, calça, camiseta, carteira, chaves, checa todas as janelas e deixa algumas roupas na máquina de lavar, para na volta estender. Passa pela cozinha e vê a bagunça que deixou do dia anterior, mas se lembra também que a noite tinha sido boa, mas estranha ao mesmo tempo.
 
Então vou contar para vocês a noite de ontem.
Ela conhece ele faz um tempo, mas só agora eles decidiram sair, sair ir não, ele decidiu fazer um jantar em casa e chamar ela para comer lá. Ela já sabia que ele sabia cozinhar então não ficou muito surpresa com o convite, apareceu na casa dele por volta das 19h30 com uma garrafa de vinho tinto, o que não combinada nada com a comida que ele estava fazendo. Relevou, abriu a garrafa de vinho e enquanto terminava de fazer o jantar eles conversaram bastante e tomaram a garrafa de vinho quase que toda.
 
Ele achava ela diferente das outras mulheres que ele havia conhecido, como eles eram amigos antes de pensarem em ter qualquer outro relacionamento ele sabia como as coisas funcionavam com ela, com quantos caras ela já tinha saído, do que ela gostava e blábláblá.
Vinho e mulher geralmente combinam, combinam para deixá-las moles e bêbadas, e principalmente engraçadas. Aquela noite ele riu demais com ela, se divertiram, só os dois, sem que precisasse rolar nada além do que conversas e cúmplicidade, ele achou aquilo diferente. Jantar na barriga, hora da sobremesa. 

Como ele não cozinhava nada doce, ele tinha comprado chocolate, o que é totalmente favorável para mulher também. Já era, trouxe chocolate, conquistou. A essa altura, a minima embriaguez dela já havia passado e o constragimento do momento começou a dar o ar da graça. Constragimento? Sim, eles começaram a ficar mais próximos e a se sentirem mais atraídos um pelo outro. O chocolate terminou com a noite, no último pedaço ele resolveu se arriscar e junto lhe deu um beijo. Ela ficou sem jeito, se levantou, falou que tudo tinha sido ótimo e foi embora. Sem falar mais nada, sem lhe dar outro beijo, ou um abraço, nem sequer um aperto de mão. Ela saiu tão apressada que ele ficou parado no meio da sala atônito, sem conseguir pensar em alguma coisa, agora ele não sabe se isso vai dar em alguma coisa ou não.
 
Pensou em limpar a cozinha antes de ir trabalhar, mas ficou com preguiça e como tinha acabado de tomar um banho e tava todo cheiroso resolveu que faria isso somente na volta do trampo, pegou a chave do carro e quando abriu a porta ela estava lá, prestes a bater na porta. Ele ficou surpreso e não falou nada.
Ela o empurrou para dentro de casa. E o resto? O resto do dia teve que ser atestado médico!


ps: bem bobinho, mas eu adorei... hasuhsaushaush

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Para assistir: On the Road




O romance que foi escrito em 1957 por Jack Kerouac conta a história de Sal Paradise (Sam Riley), um cara que vive em Nova Jersey e que conhece um outro cara louco de Denver, Dean Moriarty (Garrett Hedlund). A loucura e a paixão de Moriarty conquista Sal e juntos partem para conhecer os Estados Unidos numa jornada de autoconhecimento. Kristen Stewart faz Marylou, a esposa de Dean. Blergh!

Alice Braga, Steve Buscemi, Amy Adams, Kirsten Dunst, Viggo Mortensen e Tom Sturridge estão no elenco dirigido por Walter Salles Jr. O roteirista de Diários de Motocicleta. Jose Rivera foi quem adaptou o texto. As filmagens aconteceram em estradas dos Estados Unidos, Canadá e México.

O projeto tem participação da produtora de Salles (Videofilmes) e da American Zoetropede de Francis Ford Coppola (fudido né). Pé na Estrada teve sua première no Festival de Cannes, em maio, e tem lançamento marcado para 15 de junho no Brasil. Semana que vem

Em cannes ia ser indicado ao palma de ouro, mas confesso que não fui atrás para ver o porque que não foi indicado, mas enfim, tô ansiosa para ver como ficou o filme, tendo tantos atores/atrizes ruins... :)

Mr. Coppola é co-produtor de "On the road" e a revista francesa Trois Couleus publicou em sua página um depoimento dele, sobre como levar o livro mais famoso de Jack Kerouac ao cinema. Para quem não sabe, a história é antiga e começou há mais ou menos 30 anos, quando Coppola comprou os direitos para fazer o filme. Mas o projeto ficou abandonado até que o brasileiro Walter Salles resolveu se meter a besta e fazer a porra do filme, só tô esperandoom.


    Adapter “Sur la route” au cinéma fut pour moi un vrai casse-tête, du fait de son intrigue insensée, tout en allers-retours. J’y ai renoncé. Jerry Garcia de Grateful Dead, qui a fréquenté Neal Cassady, m’a dit un jour que Woody Harrelson lorsqu’il avait 22 ans aurait été parfait pour le rôle. Mais Garrett Hedlund possède la même folie frénétique. Je trouve Sam Riley convaincant : il n’est pas Américain, et alors ? Ces acteurs ont l’air trop jeunes ? Mais les Beats étaient jeunes à l’époque des faits ! Des gens se plaignent que le film ait été tourné au Canada, mais les films sont une illusion, l’Amérique des années 1940 n’est plus.

Suuuper traduzido, pra ajudar... hauahauha

    Adaptar “On the road” para o cinema foi para mim uma verdadeira dor de cabeça, por causa do enredo louco, cheio de idas e vindas. Eu desisti. Jerry Garcia do Grateful Dead, que conviveu com Neal Cassady, me disse um dia que Woody Harrelson, quando tinha 22 anos, seria perfeito para o papel. Mas Garrett Hedlund tem a mesma loucura frenética. Acho Sam Riley convincente: ele não é americano, mas e daí? Os atores parecem muito jovens? Mas os Beats eram jovens naquela época! As pessoas reclamam que o filme foi rodado no Canadá, mas os filmes são uma ilusão, a América dos anos 1940 não existe mais.








segunda-feira, 4 de junho de 2012

Para ler: Neil Gaiman entrevista Stephen King (fudidi)

Porra que entrevista foda!!
Sim, faz algum tempo que ela saiu, mas só vi agora, então compartilharei agora :)
Dois caras fodas juntos, só um escritor fodão pra poder entrevistar um outro que é >>> do que vidas.
Leiam e inspirem-se!!

Foi retirado do UK Sunday Times e do Discordia 19 - está em inglês e não tô afim de traduzir, mas a leitura é fácil e bem proveitosa!
Se alguém tiver alguma dúvida é só deixar um coments.

The first time I met Stephen King was in Boston, in 1992. I sat in his hotel suite, met his wife, Tabitha, who is Tabby in conversation, and his then-teenage sons, Joe and Owen, and we talked about writing and about authors, about fans and about fame.

“If I had my life over again,” said King. “I’d have done everything the same. Even the bad bits. But I wouldn’t have done the American Express ‘Do You Know Me?’ TV ad. After that, everyone in America knew what I looked like.” He was tall and dark-haired, and Joe and Owen looked like younger clones of their father.

The next time I met Stephen King, in 2002, he pulled me up on stage to play kazoo with the Rock Bottom Remainders, a ramshackle assemblage of authors who can play instruments and sing and, in the case of author Amy Tan, impersonate a dominatrix while singing Nancy Sinatra’s These Boots are Made For Walkin’. Afterwards we talked in the tiny toilet in the back of the theatre, the only place King could smoke a furtive cigarette. He seemed frail, then, and grey, only recently recovered from a long stay in hospital after being hit by an idiot in a van, and the hospital infections that had followed it. He grumbled about the pain of walking downstairs. I worried about him, then.

And now, another decade, and when King comes out of the parking bay in the Sarasota Key to greet me, he’s looking good. He’s no longer frail. He is 64 and he looks younger than he did a decade ago.

Stephen King’s house in Bangor, Maine is gothic and glorious. I know this although I have never been there. I have seen photographs on the internet. It looks like the sort of place that somebody like Stephen King ought to live and work. There are wrought iron bats and gargoyles on the gates.

Stephen King’s house near Sarasota, Florida, on the other hand, on a strand of land on the edge of the sea lined with big houses, is ugly. And not endearingly ugly. It’s a long block of concrete and glass, like an enormous shoebox, It was built, explains Tabby, by a man who built shopping malls, out of the materials of a shopping mall. It’s like an Apple store’s idea of a McMansion, and not pretty. But once you are inside the glass window-walls have a perfect view over the sand and the sea, and there’s a gargantuan blue metal doorway that dissolves into nothingness and stars in one corner of the garden, and inside there are paintings and sculptures, and, most important, there’s King’s office. It has two desks in it. A nice desk, with a view, and an unimpressive desk with a computer on it, with a battered, much sat-upon chair facing away from the window.

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...